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Leiam o que a Lucy escreveu sobre Mr L.C. pra entender um pouco da história desse cara que compôs simplesmente uma das músicas mais gravadas de toda a história e o porquê disso.
Segundo ele próprio a versão do Jeff Buckley que muitos criticaram qdo postei é a mais perfeita interpretação de sua obra, e além do que não fosse sua seria pra ele o mais lindo hino cantado por um apenas garoto de 20 e poucos anos.
Leonard Cohen, esse nome é mítico na indústria fonográfica, é mítico no cenário internacional e desconhecido a granel por aqui em terras brazucas; claro que não generalizo e muitos odeiam seu estilo ou tão se lixando pra suas músicas, mas pra quem tem um pouco de sensibilidade um grau acima de um lobo por exemplo vai sacar o que digo.
Este show foi meu reencontro com ele e com sua divina música que considero sim muito acima de qqr dessas porcarias que dizem fazer por deus pra caça niqueis, acho que Deus se agrada mais de pecadores sinceros do que castos falsos e ladrões.
Não sou santo, e nem ele é, mas aqui ele atinge um ápice que poucos, raríssimos músicos chegarão e nesse momento que ouço Mark Knopfler live vejo que são raríssimos mesmo e precisam ser preservados (já disse que tenho mania de escrever em silêncio ou ouvindo outra coisa do que posto, mania de lobo).
Bom, é isso.
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O show era de apenas dois meses antes, a primeira vez que o Cohen se apresentava em 15 anos diante de uma plateia americana, foi seu retorno triunfal aos palcos do país que ele adotou como segunda casa.
Quem baixou, parabéns; quem não baixou, não baixa mais, porque o hospedeiro comeu.
Se alguma boa alma tiver, favor nos informar -- eu agradeço.
Em todo caso, trago o Live in London.
Aos fãs do bardo canadense, aproveito pra dizer que, em outubro do ano passado, foi lançada toda a discografia dele, live e de estúdio, num box set com 17 CDs.
Pra vender, não tem mais -- não na Amazon americana, na canadense nem olhei.
Mas deve ter tudo por aí pra baixar.
De minha parte, continuo decepcionada por ele estar em turnê mundial desde 2008 e não ter vindo ao Brasil.
Já começo a ficar sentida.
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O material dele sempre foi as palavras, antes mesmo dos acordes.
Ele começou a carreira na música já depois dos 30, cantando em festivais folk nos EUA, desapontado que não dava pra viver de escrever livros no Canadá daqueles anos 60.
O resto é história.
No meio do caminho de uma bem sucedida carreira, Cohen perdeu tudo.
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Como 5 milhões de dólares não evaporam, o caso foi parar na Justiça.
Ele processou a então empresária em 2005, logo depois de tê-la demitido.
Ela foi considerada culpada e condenada a pagar 9,5 milhões de dólares pra ele.
Mas a moça, que fora empresária dele por 17 anos, e com quem ele admitiu ter tido nada além de um breve relacionamento íntimo, sumiu no mundo.
Cohen jamais viu a cor do dinheiro.
Foi por isso que voltou a fazer turnê em 2008, pra recuperar o que havia guardado durante toda uma carreira, se refazer do zero, basicamente, com mais de 70 anos.
Depois da condenação, começou uma campanha de ódio.
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Novo processo e, em abril último, ele ganhou.
Desta vez, ela foi condenada a 18 meses de prisão e mais cinco sob condicional.
Tá em cana na Califórnia.
Vai ter que fazer terapia, ter aulas de "anger management" e foi destituída de seu direito constitucional de portar armas de fogo.
Lá, a coisa funciona, cadeia não é escola de bandido.
Cohen também foi processado por ex-sócios, mas todos os processos foram "dismissed", não vingaram.
http://www.guardian.co.uk/music/2012/apr/19/leonard-cohen-former-manager-jailed
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Cohen, diz a Billboard, já ganhou mais de 9 milhões de dólares com a turnê mundial e este "Live in London", que é um registro no palco gravado às vésperas dos seus 75 anos, em plena forma.
O bardo já engatou nova turnê, continua na estrada com o novo álbum Old Ideas.
No fim de toda a estressante batalha judicial, Cohen, como cavalheiro quase irretocável que é, além de monge budista ordenado e judeu praticante, agradeceu a ex-empresária e ex-breve-amante, porque, de outro modo, ele não teria voltado aos palcos e não teria deixado o que ele mesmo chamou de uma vida meio ermitã, embora nunca tenha deixado de escrever ou compor.
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E pra não dizer que não falei de flores, a tal fama de mulherengo é pura fama.
Em todas as oportunidades, Cohen sempre a desmentiu e riu dela.
Quem já teve a oportunidade de ler o que ele escreve acredita solenemente no desmentido sobre esse fama de mulherengo.
E não que isso realmente importe...
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O original é do livro Book of Longing, de 2006, mas ele tem recitado versões levemente modificadas no palco.
Eis aqui o que vão ouvi-lo recitar.
A thousand kisses deep
You came to me this morning
And you handled me like meat.
You'd have to be a man to know
How good that feels, how sweet.
My mirror twin, my next of kin,
I'd know you in my sleep.
And who but you would take me in
A thousand kisses deep?
I loved you when you opened
Like a lily to the heat.
You see, I'm just another snowman
Standing in the rain and sleet,
Who loved you with his frozen love
His second-hand physique
With all he is, and all he was
A thousand kisses deep.
I know you had to lie to me,
I know you had to cheat.
To pose all hot and high
Behind the veils of sheer deceit
Our perfect porn aristocrat
So elegant and cheap.
I'm old, but I'm still into that
A Thousand Kisses Deep.
I'm Good at Love
I'm Good at Hate
It's in between I freeze
Been working out but it's too late
It's been too late for years
But you look good,
You really do,
They love you on the street.
If you were here I'd kneel for you
A Thousand Kisses Deep.
The autumn moved across your skin
Got something in my eye
The light that doesn't need to live
And doesn't need to die
A riddle in the book of love
Obscure and obsolete
Till witnessed here in time and blood
A Thousand Kisses Deep.
And I'm still working with the wine,
Still dancing cheek to cheek.
The band is playing "Auld Lang Syne"
But the heart will not retreat.
I ran with Diz, I sang with Ray,
I never had their sweet
But once or twice they let me play
A Thousand Kisses Deep.
I loved you when you opened
Like a lily to the heat.
You see, I'm just another snowman
Standing in the rain and sleet,
Who loved you with his frozen love
His second-hand physique
With all he is, and all he was
A thousand kisses deep.
But you don't need to hear me now
And every word I speak
It counts against me anyhow
A Thousand Kisses Deep.
Quem quiser saber e ouvir mais, recomendo o documentário Ladies and Gentlemen... Mr. Leonard Cohen. Tem 44 minutos e dá pra assistir online.
http://www.nfb.ca/film/ladies_and_gentlemen_mr_leonard_cohen/
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Mesmo durante seus anos turbulentos ou de inatividade, outros artistas nunca deixaram de resgatar a música do bardo canadense, não raro despertando o interesse de novas gerações de fãs, como foi o caso das músicas que apareceram em filmes como Exotica e Natural Born Killers, além do saudoso Jeff Buckley, com Hallelujah.
Faltou dizer sobre o que ele escreve, sobre o que fala nas canções e nos poemas.
De tudo.
Vai da guerra ao sexo, passando pela mortalidade e pela depressão, fala de política, de amor, de música, de suicídio.
Principalmente, Cohen canta e escreve sobre gente, sobre os relacionamentos interpessoais e a condição de ser humano.
Em tudo existe uma fissura.
É assim que a luz entra.
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I closed the book on us at least a hundred times.
But I wake up, each and every morning, right there, by your side.
The years go by, you lose your pride.
Your little baby is crying, so you do not go outside.
And your work is right here, right before your eyes.
Good night, my darling, I hope you're satisfied.
The bed is kind of narrow, but my arms are open wide.
Yes, and here's a man, he's still working for your smile.
★
Suffering by nature or chance never seems so painful as suffering inflicted on us by the arbitrary will of another. (Schopenhauer)
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Part 01
Part 02
Part 03
Enjoy!!!!!!!!!!!!